sexta-feira, 3 de junho de 2011

FOCINHO BRANCO

Eu não sei se existe isso na Veterinária, mas eu tenho um indicador clínico de velhice de cachorro que sempre dá certo. Esse indicador é o Focinho Branco (FB). Ele começa devagar, quase que imperceptível aos olhos do dono, mas desde os primeiros fios e barbas brancas até a estabilização, leva-se 1 ou 2 anos, variando de acordo com as características individuais de cada cachorro, e quando se vê, pronto, a cara do cachorro está branca!

O  FB funciona da seguinte maneira: O cachorro pode ter uma expectativa de vida de 20 anos, mas se o focinho dele ficar totalmente branco com 7, é batata, ele já pode ser considerado velho, e com certeza vai durar, no máximo, mais um ano e meio até ficar cego, e se tiver sorte, mais 2 anos  até morrer de vez, portanto, depois de diagnosticado e estabelecido o FB, o cachorro terá mais ou menos 3 anos e meio de vida. Outro exemplo: FB aos 10 anos, cegueira aos 11,5 anos e morte aos 13,5. Deu para entender?

Já faz um tempo que venho tentando relacionar essa alteração canina com a expectativa de vida desses bichinhos. A primeira vez que percebi isso foi com um cachorro de um amigo meu, o “Look”(acho que é assim que se escreve), o qual era um ano mais novo que o meu e tinha uma expectativa de vida razoável, porém foi vítima,como todos são, do FB, e desde que foi estabelecida essa condição nele, os tempos se deram como citado acima (com pequena variação para mais ou para menos). Desde então venho tentando achar essa relação com vários cachorros, de vizinhos, parentes, amigos e até no meu.

Há algum tempo venho observando o cachorro da vizinha de baixo da minha República. Quando mudei pra cá, há uns 2 anos e meio, aproximadamente, ele já tinha FB, portanto, ele deve estar fazendo hora extra, pois já está cego( e seu latido é rouco e irritante, diga-se de passagem). Não sei se vou conseguir acompanhá-lo até o fim, pois termino a faculdade em Dezembro.

O cachorro da vizinha de cima morreu há uns 4 meses e já estava em fase avançada de FB, portanto não consegui acompanhá-lo corretamente.

E percebi ontem, na minha fase final de recuperação da Dengue, enquanto tomava meu sol matinal, que o meu cachorro, Milu, começou a sofrer do FB. Tinha me esquecido que isso iria acontecer com ele, tudo bem que já tem seus 15 anos, mas começo a perceber que todos estavam errados sobre sua expectativa de vida de 17. Como comecei a acompanhá-lo agora, acredito que o FB esteja na fase inicial e se estabeleça dentro de 1 ou 2 anos, assim, ele ficará cego com 18,5 e deverá viver até os 20,5 ou 21.

Todo ser vivo tem uma fase ascendente e outra descendente na vida. Nós, seres humanos, temos a nossa também, porém não temos esse azar, ou sorte (como quiserem) de ter um indicador clínico de velhice desse tipo. Assim, se você tem um cachorro que começou a manifestar os sinais do FB, ou este já se instalou, aproveite e curta ao máximo seu companheiro, pois o tempo passa!   

terça-feira, 17 de maio de 2011

COMO NOSSOS PAIS

Acho que todo mundo já pensou - ao tentar ensinar ao pai ou à mãe como mexer no som do carro, como mandar mensagem pelo celular, como gravar um CD, como usar um pen drive, ou seja, algo relacionado à tecnologia – “Nossa, por que toda essa dificuldade?” ou “De novo?! Será que eles não aprendem?”. Pois é, nunca pensamos, porém, que um dia isso vai acontecer conosco. Mas quando?

Sinto aos 22 anos, que isso já está acontecendo! Agora não sei se é porque eu sou burro, ou se é pelo fato de a tecnologia estar evoluindo muito rápido e não estou acompanhando, sei lá. Só sei que já estou sendo vítima e não estou gostando. Se meus pais soubessem disso, iam rir da minha cara!

A primeira vez que me senti assim foi tentando desbloquear o celular do meu pai (olha que ironia), o qual é touch screen. Fiquei que fiquei tentando e nada, até que engoli o orgulho e perguntei ao meu pai como fazia para desbloquear “aquele negócio”. Não falo mais sobre esse celular porque evito tentar mexer nele e descobrir que realmente não sei nada!

Fui esses dias, abrir uma conta no facebook. Que tragédia! Fiquei mais de uma semana para aprender a manusear minha conta, me senti muito mal!

Já percebi outra também, a qual não acontece só comigo, acontece com vários amigos meus. A cada versão nova do Windows, que vêm com novos Word, Exel etc, temos a maior dificuldade para nos acostumarmos com os novos atalhos, botões, links e por aí vai.

Não é só nesse aspecto, mas cada dia que se passa, o que sempre negamos até hoje sobre nossos pais, acontece com a gente ou com certeza vai acontecer, estamos sendo iguais a eles, ou vamos ser ainda. Por enquanto eu que estou percebendo essa minha dificuldade, mas será que daqui alguns anos meu filho, ou meu neto vai chegar pra mim e falar “Nossa Vô, vou ter que te ensinar de novo?! Você não aprende?” Eu acho que sim.

Como já dizia Elis Regina, mesmo em um contexto totalmente diferente, “...Ainda somos os mesmos, e vivemos, como nossos pais”.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

TEORIA DOS MOLDES

Com certeza você conhece uma pessoa que se parece com alguém, e mais alguém, e com outra pessoa e mais outra, ou seja, se parece com todo mundo! Pois é, já faz um tempo que conheço uma ou duas pessoas que tem essa característica, ou melhor, não tem nenhuma característica. Essas pessoas, de acordo com minha teoria, são como  Manequins,  Moldes, Modelos etc. Pois tem traços que são comuns a muitas outras pessoas diferentes e, ao mesmo, não tem nada em comum com ninguém, resumindo, ao mesmo tempo em que se parecem com tudo e todos, não se parecem com ninguém.

Mas como identificar essas pessoas no dia-a-dia? Parece simples, mas não é.

O primeiro sinal dessa condição é quando você está andando distraidamente pela rua e vê de relance uma pessoa que se parece muito com um conhecido seu. Se isso já aconteceu, preste atenção! Você começará a ver semelhanças dessa pessoa próxima a você em várias outras em fotos, filmes, shows, ou seja, em todo lugar. Caso isso não aconteça, descarte essa suspeita, o cidadão em questão é absolutamente normal.

 Até aí já foi meio diagnóstico. Somente depois de achar muitas pessoas parecidas com seu suspeito, você pode passar para a próxima etapa, e depois, o teste final
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Sem o alvo perceber, observe-o. Tente encontrar alguma característica peculiar nele, alguma mania que só ele tenha, algum sinal no corpo, um penteado, qualquer coisa que só essa pessoa tenha! Você não vai achar. Pronto, já tem 90% de chance de ela ser o que achamos que é. O teste final é como uma biópsia, dá o diagnóstico correto, com 100% de acuidade. Chegue em particular e comente que ela se parece com alguém. O suspeito negará até a morte e ficará inconformado! Podem passar anos e que ele nunca aceitará sua condição. Depois disso, pode confirmar sua hipótese diagnóstica.

Eu costumo chamar essas pessoas de Manequins, eles não têm nenhuma característica própria. Com certeza na hora da fabricação, Deus usou uma fôrma, um molde repetido sem querer ou sei lá, talvez o DNA não se recombine o tanto quanto pensamos. Só que esses seres não são tão comuns quanto se parece! Poucos são os que já conseguiram identificá-los. Não se sai procurando-os, caçando-os, isso não se faz! Eles simplesmente aparecem quando você menos espera. Portanto, quando se deparar com uma situação dessas, desconfie!


Nota: o autor apesar ter algumas dessas características, reconhece que se parece com alguém ou não se parece com ninguém. Portanto, não é um Manequim.

domingo, 24 de abril de 2011

O Dia Errado

Tem certos dias, em que você tem um compromisso, e está com uma certa pressa, pouca paciência, ou até mesmo de ressaca, e resolve dar uma “passadinha” no caixa eletrônico, supermercado, algum outro lugar, ou seja, coisa rápida de se fazer. Justamente nesse dia, tem alguém à sua frente na fila. Daí você pensa: “É coisa rápida, vai dar tempo!”. Aí que mora o problema!
Exemplificando, uma situação comum é passar no mercado antes de compromisso. Após sair de casa, já no meio do caminho o trânsito não anda. Alguém está fazendo uma baliza, ou pára para conversar com outra pessoa na rua, não tem vaga perto do supermercado... parece que tudo está contra você! Segurando o impulso de estourar, contorna-se todos esses empecilhos e consegue chegar no destino.
Você já está dentro do mercado e pensa: “Agora é só pegar o que tenho que pegar e ir embora!”. Mas não é isso que acontece, aquela pessoa que você não encontra há séculos te pega de conversa, você olha no relógio, conversa, diz que está com um pouco de pressa, conversa mais um pouco, olha no relógio de novo, diz que está com pressa de novo, conversa de novo e lá se vão 10 a 15 minutos (uma eternidade para quem não queria gastar nem 5!). Depois da “looonga” conversa e achado o produto, na hora de pagar, tem aquele caixa que teoricamente seria o mais rápido, pois só tem uma pessoa com poucos produtos, ao passo que os outros estão lotados. Mas você esqueceu, ou provavelmente nem caiu a ficha, que esse é “O Dia Errado”, porque tudo e todos estão contra seu tempo apertado.
A Moça ou o Senhor que está à sua frente esqueceu-se de pegar alguma mercadoria e sai do caixa para ir buscar. Lá se vão mais alguns minutos preciosos, você olha no relógio e vê que está bem atrasado e já começa a batucar no balcão ou bater o pé no chão (sinais de impaciência involuntários), enquanto olha o caixa ao lado andando a todo vapor! A pessoa volta e na hora de pagar não acha a carteira ou cartão dentro da bolsa, ou ainda dá um cheque pré-datado e a mocinha do supermercado tem que pegar os dados do cliente no verso do cheque. Daí ela pergunta: “Quer que a máquina preencha?” e a pessoa responde “Não precisa, eu preencho à mão mesmo!” e ainda olha pra sua cara e diz “Não dá pra confiar nessas máquinas não é mesmo?” (um velhinho no mercado já me falou exatamente isso!), e começa a escrever. A essa altura você já cansou de olhar as horas, passa a mão no cabelo, já gastou a ponta dos dedos no balcão e as pernas já estão cansadas de andar pra lá e pra cá, enquanto o caixa ao lado que estava lotado já passaram 3 pessoas e você lá, parado.
Depois de uma eternidade e chegada a sua vez, o troco acaba. Até os funcionários resolverem o problema você já está de cabelos em pé e já olhou para o relógio o suficiente para o dia inteiro. O troco chega e você vai embora andando rápido sabendo que vai chegar atrasado ao seu compromisso e imaginando que o mais virá pela frente.
Moral da história: No dia em que você estiver com pressa e pensar em passar em algum lugar antes, esqueça! Tudo vai jogar contra você e seu apertado tempo!
                                                
                                                                      Rubens Caliento

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Velho está sempre certo

Em homenagem ao Gabriel (vulgo Louco), que me incentivou e me inspirou a escrever isso....



Ocorreu um fato essa semana que me intrigou a elaborar uma teoria que não passava de idéia na minha cabeça. Estávamos o Sandrão (motorista) e Eu (passageiro) indo para a faculdade rotineiramente de carro as 08h05min da manhã pela Via do Café, quando perto do balão da USP, um carro entrou na nossa frente juntamente com um ônibus, e não havia espaço para frear. No reflexo o motorista tirou para o lado do ônibus, quase batemos e quase também pareamos com o carro que nos fechou, e continuou a nos fechar, e continuou a nos fechar, até chegar onde ele queria e nós pararmos o carro no meio do cruzamento para ele passar. Então, pudemos observar, antes de qualquer palavra ou gesto agressivo, que era um velho no volante. Daí olhamos um para o outro e falamos quase que instantaneamente: “Deixa, é velho.”
Todo mundo fala isso no trânsito, mas será que alguém já pensou o porquê disso? Será que alguém já pensou por que os velhos fazem isso sempre? Eu pensei! E agora demonstro minha teoria:
1)      O Velho está sempre certo. Alguém já conseguiu ganhar uma discussão com um velho sobre qualquer assunto? Acho que não. Então não adianta esbravejar, xingar, jogar o carro de contra o do velho, buzinar.... não adianta. O velho certamente olhou a gente vindo e pensou: “Dá pra entrar, ele me viu”, então entrou na Avenida sem exitar e pronto. Se alguém gritasse, buzinasse para ele, não adiantaria, porque na cabeça dele ele está certo e tudo o que você fizer, ele vai pensar: “Ele viu que eu estava entrando, não brecou antes por quê?”, ou seja, você está errado e se reclamar é taxado de agressivo se o fizer.
2)      O Velho sabe tudo e acha que você sabe tudo. Como ele tem anos e anos de experiência na vida e no volante, sabe o que pode e o que não pode e tem todas as suas teorias sobre tudo na cabeça, então, assim como ele sabe (da maneira dele), é óbvio que você sabe também (da maneira dele, claro). O velho da fez a cagada (digamos assim) e como ele estava certo, e a gente errado, ele continua seu caminho, sem olhar para os lados e entrando onde queria, afinal, já sabíamos antes que ele ia entrar na Avenida, portanto sabíamos também que ele ia cruzá-la (na nossa frente, diga-se de passagem) e pegar a rua que sobe. Assim, o velho está certo de novo certo e a gente errado, por não ter brecado antes e ter desviado para o lado errado.
3)      Na dúvida, o Velho está sempre certo. Caso um velho esteja em dúvida, e decida por algo, no momento imediato da decisão, ele está certo, de acordo com 1 e 2. Então, caso o velho estivesse em dúvida ao entrar na Avenida, a partir do momento que ele toma a decisão de pisar no acelerador e soltar a embreagem, nós já estávamos errados (mesmo não dando tempo). Oras, se ele decidiu entrar, era porque dava tempo! E se não deu... a culpa é sua!
Assim, com essa teoria, espero que consigamos entender a cabeça dos velhos no trânsito e na vida e simplesmente deixemos passar o que quer que seja. Afinal, o Velho está sempre certo mesmo!
                                                                                            Rubens Caliento